quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ser


Somos o que viemos ser, 
nem uma gota de sangue depois,
nem um sopro antes...

Somos o que viemos ser,
o verbo que rasga a carne,
a substância que salga a terra.

Somos o que viemos ser,
a rosa que perfuma,
o espinho que machuca.

Somos o que viemos ser,
o doce que envenena,
o amargo que cura.

Somos o que viemos ser,
o sol que cega,
a tempestade que grita.

Somos o que viemos ser,
o espelho côncavo,
de uma humanidade convexa.

Somos o que viemos ser,
o desafio de persistir,
sem derrota e sem vitória.

Somos o que viemos ser,
sem certo,
sem errado.

Somos o que viemos ser,
sem eira,
sem beira.

Somos o que viemos ser,
sem régua,
sem compasso.

Somos o que viemos ser,
a borboleta sem casulo,
a cebola sem casca.

Somos o que viemos ser,
infinito
particular
na unidade e no plural!

Um comentário:

Dimitri disse...

Você é um talento bruto/lapidado saindo por todos os poros!